A convite do Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACOS) da Unisul de Tubarão, os dois jornalistas, que têm algumas coberturas de guerras na bagagem, além de serem repórteres da revista Caros Amigos, se dispuseram a trocar experiências com os estudantes. Acho importante ressaltar que fizeram isso sem cobrar nada, apenas pela consciência da importância de socializar o conhecimento e a experiência com quem está engatinhando no mercado.
Fernando e Juliana falaram sobre tudo que não vemos, logo não sentimos. Não percebemos, por exemplo, que para o jornalismo as vidas têm pesos diferentes. “Palestinos encontram a morte enquanto israelenses são assassinados. Palestinos seqüestram, israelenses retalham. Os jornais brasileiros noticiam a morte de milhares de terroristas palestinos e quando você vai ver tem inúmeras mulheres e crianças entre os mortos” O mesmo acontece com os Curdos em relação aos Turcos. “Agora que a Turquia está sendo mais flexível e permite músicas curdas (desde que falem de amor). Mas os curdos não podem sequer falar a língua curda em locais públicos, muito menos andar com as cores do partido que defende a criação de um estado curdo”
Trazendo para o Brasil, o Fernando deu o ótimo exemplo do MST, que para a maioria das pessoas é um movimento criminoso e de baderneiros. “O MST já alfabetizou 22 mil pessoas, mantém 2.000 escolas que empregam 4.000 educadores. Ninguém sabe o que acontece por traz dos movimentos que realizam porque a grande mídia não mostra o outro lado da moeda”
Quando trouxemos o Fernando e a Juliana eu tinha a certeza de que seria um grande evento para os acadêmicos do curso. E foi. O que me deixou bastante impressionado é o quanto a noite de ontem me mudou. Eu, que já não tinha mais esperanças no jornalismo que sonho. Eu, que não tinha mais contato com profissionais que mantivessem acesa a minha esperança. Num simples evento voltei a sonhar em voltar às redações e fazer jornalismo social, ouvindo pobres, negros, índios...