A democracia, que é a questão mais levantada pelos debatedores nesse caso, poderia ser analisada de diversos ângulos. O único destes que eu não usaria é o significado científico da palavra porque, infelizmente, a prática e o significado real de muitas palavras do nosso vocabulário se distorceram – e muito – dos seus conceitos científicos.
Vou falar da democracia que percebemos, sentimos. Essa é incontestável. E, infelizmente, para os acadêmicos da Unisul, inexistente. A forma indireta ou representativa de eleição que vivemos na universidade não é – nem de longe – uma democracia.
Infelizmente no movimento estudantil presenciamos a realidade do voto por representação, os estudantes elegem os delegados que votam nos congressos. Mas na Unisul ainda é pior. Nós não escolhemos quem serão as pessoas que votam nas eleições da reitoria.
Não sejamos ingênuos para acreditar que a eleição da forma direta é uma garantia da qualidade do eleito. Mas na minha cidade eu presencio as eleições para coordenador de curso e reitor da universidade. Posso afirmar com propriedade que a forma direta beneficia a instituição de ensino, bem como professores, funcionários e estudantes.
O candidato a reitor apresenta propostas de gestão. Debate com acadêmicos e outros candidatos. Os estudantes, os funcionários e professores conhecem quem ocupa a cadeira da reitoria, como ele pensa e o que ele prometeu pra chegar ate ali. E o principal: o movimento estudantil pressiona o eleito para cumprir as promessas de campanha. Caso isso não aconteça, nós teremos a próxima eleição para corrigir o erro, trocar o reitor. Isso não força uma melhor gestão dos ocupantes do cargo?
Somado a isso existe o exercício da cidadania, a sensação de progresso no âmbito da democracia. E reafirmo a questão de progresso porque em relação aos estudantes que votam para reitor e coordenador de curso nos vemos num retrocesso histórico, implorando por "Diretas Já"!