quinta-feira, 29 de maio de 2008

Nem tudo está perdido, renasce a esperança!

Fernando Evangelista e Juliana Kroeger. Esses são os nomes dos dois jornalistas que conheci ontem (foto) e que reascenderam em mim a esperança de que é possível fazer jornalismo ético, sério, bem feito e ouvindo as minorias.

A convite do Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACOS) da Unisul de Tubarão, os dois jornalistas, que têm algumas coberturas de guerras na bagagem, além de serem repórteres da revista Caros Amigos, se dispuseram a trocar experiências com os estudantes. Acho importante ressaltar que fizeram isso sem cobrar nada, apenas pela consciência da importância de socializar o conhecimento e a experiência com quem está engatinhando no mercado.

Fernando e Juliana falaram sobre tudo que não vemos, logo não sentimos. Não percebemos, por exemplo, que para o jornalismo as vidas têm pesos diferentes. “Palestinos encontram a morte enquanto israelenses são assassinados. Palestinos seqüestram, israelenses retalham. Os jornais brasileiros noticiam a morte de milhares de terroristas palestinos e quando você vai ver tem inúmeras mulheres e crianças entre os mortos” O mesmo acontece com os Curdos em relação aos Turcos. “Agora que a Turquia está sendo mais flexível e permite músicas curdas (desde que falem de amor). Mas os curdos não podem sequer falar a língua curda em locais públicos, muito menos andar com as cores do partido que defende a criação de um estado curdo”

Trazendo para o Brasil, o Fernando deu o ótimo exemplo do MST, que para a maioria das pessoas é um movimento criminoso e de baderneiros. “O MST já alfabetizou 22 mil pessoas, mantém 2.000 escolas que empregam 4.000 educadores. Ninguém sabe o que acontece por traz dos movimentos que realizam porque a grande mídia não mostra o outro lado da moeda”

Quando trouxemos o Fernando e a Juliana eu tinha a certeza de que seria um grande evento para os acadêmicos do curso. E foi. O que me deixou bastante impressionado é o quanto a noite de ontem me mudou. Eu, que já não tinha mais esperanças no jornalismo que sonho. Eu, que não tinha mais contato com profissionais que mantivessem acesa a minha esperança. Num simples evento voltei a sonhar em voltar às redações e fazer jornalismo social, ouvindo pobres, negros, índios...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Comentarios...

O artigo abaixo foi publicado no Portal Engeplus e recebi alguns e-mails comentando o texto. Vou destacar dois e coloca-los aqui na pagina. Se alguem mais quiser comentar use o espaço de comentarios do blog que sera muito bem vindo!


"Olá Lucas Concordo inteiramente com você, quando você coloca a responsabilidade também para os alunos de se manifestarem. Vi em algumas caras oportunidades a cara do tal reitor.Fiz minha graduação no campus de Tubarão e como você mesmo citou, os recursos - nossas mensalidades tinha e tem, destino: Floriánopolis.É um absurdo!!!!"

Morgana Rosso


"Boa Tarde Lucas, li a sua opinião no site da Engeplus, e estou em pleno acordo sobre o coronelismo existente nas Universidades, falo isso porque sou acadêmica da Unesc, e diferente do que você citou, a situação da Unesc não está muito diferente da Unisul, hoje as 15hrs, haverá uma reunião do Consu, conselho dos estudantes, juntamente com os coordenadores, a reitoria e os demais conselheiros para a votação de uma proposta, proposta essa que ontem a noite fez dezenas de acadêmicos ocuparem a reitoria em forma de protesto exigindo da reitoria esclarecimentos, fomos atendidos, não pelo reitor, mas pelo vice Gildo Volpato que resumidamente não esclareceu nada, a votação irá acontecer da mesma forma, a proposta de votação é a de que se houver uma única chapa não haverá votação, serão eleitos automaticamente, o que é um absurdo, é caminhar para trás, eles duvidam da nossa capacidade de raciocino, acreditam que não sabemos que se havendo uma única chapa e a maioria dos votos forem contra ela, terá de haver outra votação com modificação na tal chapa. Pior que haver essa possibilidade, ou alguns professores se submeterem a essa votação, que não deveria nem ser cogitada, é que os estudantes tem 20% dessas cadeiras na votação, e ontem no horário da manifestação estudantil, esses 20% que representam quase 11.000 estudantes não estavam, ou tão pouco se sabia quem eram, e o DCE (Diretório Central dos Estudantes), quem escolhe esses representantes estava fechado porque sua sede estava sem internet, ou seja, toda uma luta por democracia que vem de tempos está sendo, talvez, colocada a baixo porque o DCE ficou sem internet. É vergonhoso para nós estudantes dessas Universidades."

Luma de Oliveira de Moraes. Estudante de Direito da Unesc.

Unisul: Coronelismo em pleno século 21


Na prática, a Unisul tem dono. Na teoria, ou na lei do município de Tubarão (mais especificamente a lei nº1389/89), a Universidade do Sul de Santa Catarina é uma fundação municipal.

Para facilitar o entendimento de quem não vive a realidade daquela instituição, vamos aos fatos.


O Conselho Universitário aprovou a antecipação da "eleição" para a reitoria da universidade, que estava prevista para setembro, mas já está acontecendo em pleno mês de maio. Ninguém se preocupou ainda em dar uma explicação ou justificativa para tal ação.


O atual reitor Gérson Luiz Joner da Silveira, depois de sete anos de mandato, decidiu quem será seu sucessor, digo, já escolheu os nomes que participarão das "eleições" na condição de chapa de situação. Trata-se de Aílton Nazareno Soares, atual diretor do campus da Grande Florianópolis, para reitor, e Sebastião Salésio Herdt para vice-reitor, mesmo cargo que ocupa atualmente.


Não me surpreendi quando me deparei nessa semana com um Edital da Comissão Eleitoral, datado de 09/05/2008, informando que apenas uma chapa estava inscrita para a eleição da reitoria da Unisul.


Ainda que tivéssemos uma chapa de oposição (o que parece piada), quem tem direito a votar são os coordenadores de cursos, sem estabilidade de emprego, e o Conselho Universitário, escolhido pelo reitor.


É válido lembrar que na Unesc todos os acadêmicos, professores e funcionários votam. Os candidatos a reitor apresentam propostas de gestão e debatem ações com estudantes e os concorrentes ao cargo. Estou há quatro anos na Unisul e, assim como a grande maioria de acadêmicos, professores e funcionários, só "conheço" o atual reitor por foto.


Mais grave ainda é constatar, baseado em informações da última reunião do conselho, que no balanço da atual gestão existe uma diferença gritante nos investimentos feitos nos campi de Tubarão e Florianópolis. Somente no último ano de mandato, a atual gestão investiu aproximadamente R$ 1,7 milhão no campus do sul, enquanto no da capital o investimento gira em torno de R$ 9 milhões.


É o coronelismo do século 21 enquanto muitas pessoas acreditam que esse modelo autoritário teve fim em 1930. Do mesmo modo pode parecer coisa do passado o movimento Diretas Já!, mas pasme: ou os acadêmicos da Unisul vão às ruas com as caras pintadas ou vão manter atadas as mordaças impostas por uma universidade que, por ironia do destino, foi criada em 1964.